Mapas Falantes são mais do que simples desenhos geográficos; eles são uma ferramenta visual, social e participativa essencial para a construção de uma Saúde Sem Racismo.
Eles representam uma metodologia de cartografia social que transforma o conhecimento prático e as vivências das pessoas em um diagnóstico coletivo e estratégico. Um Mapa Falante é uma representação simbólica e coletiva de um território – seja uma comunidade, bairro, escola ou unidade de saúde – que expressa como as pessoas percebem, vivem e se relacionam com o espaço, identificando tanto suas potencialidades (recursos, serviços) quanto suas vulnerabilidades (racismo institucional, barreiras de acesso).
A metodologia dos Mapas Falantes está conectada ao Eixo II (Monitoramento e Avaliação) da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que orienta o trabalho do OSPN. Ao direcionarmos nosso olhar para essa tecnologia social pretendemos somar esforços, o Observatório e as comunidades parceiras, para:
Capturar dados e narrativas que as estatísticas oficiais não alcançam, mostrando como o racismo opera no cotidiano dos serviços de saúde e nos determinantes sociais.
O mapa se torna um instrumento popular de incidência política. Ele permite que usuários e ativistas do Movimento Social Negro apresentem uma leitura crítica e validada da realidade, cobrando do Estado a implementação efetiva da PNSIPN e a redução das iniquidades raciais.
A construção do mapa em grupo facilita a articulação entre os diferentes atores (usuários, profissionais de saúde, gestores e pesquisadores) para o planejamento e a tomada de decisões, garantindo que as ações sejam baseadas nas demandas reais do território e de seus habitantes.
Como um potente exemplo de mapeamento participativo e controle social em defesa dos direitos de grupos vulnerabilizados, destacamos a Plataforma de Territórios Tradicionais.
Desenvolvida no âmbito do Projeto Territórios Vivos (uma parceria entre o Ministério Público Federal – MPF, o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais – CNPCT e a agência GIZ), esta ferramenta digital permite que os próprios Povos e Comunidades Tradicionais (PCTs) – como quilombolas e indígenas – mapeiem e insiram informações georreferenciadas sobre seus territórios, tradições, conflitos e demandas.
A Plataforma é um instrumento de autonomia e defesa, transformando o conhecimento local em dados estratégicos que subsidiam a atuação do MPF e o monitoramento das políticas públicas, assegurando a visibilidade e a proteção desses territórios vivos.